terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Último Mestre do Ar

Quando a adaptação do desenho americano, de traços japoneses, Avatar (não, sem nenhuma relação com o filme de James Cameron) foi oficializada, os fãs receberam a notícia com entusiasmo, mesmo com o curriculo deplorável de Hollywood para películas desse gênero. O resultado: Mesmo sendo dirigido pelo outrora vindouro diretor M.Night Shyamalan (que, atualmente, também não se encontra em sua melhor fase), O último Mestre do Ar é fraco e meio decepcionante, mas não de todo ruim.

O figurino e a fotografia são um dos poucos trunfos do filme

Na trama, Katara (Nicola Peltz) e Sokka (Jackson Rathbone, o vampiro Jasper da Saga Crepúsculo) são dois caçadores da agonizante tribo da água do Sul. Em seu mundo, existem lutadores de artes marciais que dominam um certo elemento: água, fogo, terra ou ar, que são conhecidos como dobradores. A cada cem anos surge um dobrador capaz de "dobrar" os quatro elementos e que é conhecido como Avatar. No entanto, o último Avatar está desaparecido a uma centena de anos, e outro não surgiu. Nesse tempo, a nação da tribo do fogo começou uma guerra de dominação global, da qual já está quase se consagrando vencedora.

Mas voltando aos dois primeiros personagens: Katara é uma jovem e inexperiente dobradora de água, a única de sua tribo. Quando ela e seu irmão saem em um dia de caça, acabam acidentalmente libertando Aang (Noah Ringer, em seu primeiro papel para o cinema), um garoto dobrador de vento que estava aprisionado em uma esfera de gelo, junto com seu bisão voador Appa. Pelas tatuagens no corpo do garoto, por ele ser o último membro vivo de sua tribo e pelo Avatar que desaparecera ser um dobrador de vento, todos acreditam que Aang possa ser o Avatar desaparecido. O problema é que esse é um destino do qual o jovem não quer aceitar. No entanto, quando o filho da nação do fogo, Príncipe Zuko (Dev Patel, o protagonista de Quem quer ser um milionário) coloca em perigo os novos amigos de Aang, ele percebe que a única esperança de parar a guerra reside em seus ombros.

Enfim, posso ter me estendido, mas essa é basicamente a trama do filme (que teve seu título trocado para O Último Mestre do Ar porque James Cameron havia patenteado o nome para o seu filme primeiro), agora vamos a análise. O roteiro do filme é apressado, amarrando os fatos da primeira temporada do desenho com pouco zelo pela história, se importanto apenas em compactá-la. O resultado é que se perde completamente a magia e a essência de sua versão original, mesmo que aja um certo esforço em tentar transmiti-la em alguns fatores: nas coreografias, na fotografia... enfim, em elementos estéticos, esquecendo o mais importante: os personagens.



Sokka (Jackson Rathbone): alívio cômico ainda está no filme, mesmo que reduzido

Essa é a maior falha, não só de The Last Airbender, mas da maioria das adaptações cinematográficas de animações: não conseguir passar com fidelidade as características mais marcantes das personas de sua contraparte original. Nesse caso, o filme não só perde, como também tolhe a parte leve e divertida do desenho, o que o deixa massante e cansativo. Exceto por uma menção ou duas, como com o personagem Sokka, que algumas vezes é alvo da falta de habilidade de sua irmã manipulando o elemento água, o filme é tão sério que se torna irritante.
Nenhum dos atores consegue encarnar com perfeição os papeis dos quais foram escalados para interpretar. Como disse, há alguns esforços, como do ator Shaun Toub: mesmo sendo fisicamente diferente de sua versão animada, ele passa credibilidade ao papel quando o roteiro lhe permite.

Noah Ringer: inexperiente demais para o papel principal

A decisão menos acertada com certeza foi na do personagem principal. Noah Ringer não convence como o jovem Aang, atuando de forma artificial em um papel tão importante e difícil. Não por coencidência, o protagonista pouco fala e atua no filme, tendo as tramas paralelas ganhando mais destaque. Eu poderia me estender mais sobre a longa lista de diferenças entre a película e o desenho (as coreografias dos dobradores não são sincronizadas com os elementos, algo que incomoda bastante e eu não poderia, também, deixar de citar), mas acho que já é o suficiente para se ter uma ideia: O Último Mestre do Ar é decepcionante, não honra sua versão original, mas não é tão ruim assim. É uma película esforçada, consegue passar alguns fatos da animação (mesmo que resumidos), entretém (principalmente se você nunca assistiu o desenho...) e não é uma total perda de tempo, se você não exigir demais. No entanto, é um filme esquecível.


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