quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aron Wormior VD Capitulo Sete: Um novo motivo para lutar




E assim, três dias se passaram.

Era início de um novo dia quando Silphia voltou para a fazenda. Estava exausta. Passara os últimos três dias matando dois Antonios e brigando com um aprendiz para conseguir sua terceira meia furada.  A noite estava sempre em alerta, procurando o caminho de volta ("Puxa, esse campo era maior do que eu imaginei...") e estava agora cortando os arbustos que ficavam a sua frente com uma faca que seu pai lhe dera para prestar o exame. "Preciso me apressar", pensou. "Só tenho até uma hora da manhã para me apresentar ao fiscal do exame, ou então não passarei no teste!".

Faltavam vinte segundos para uma da manhã quando Silphia chegou nos portões da "fazendinha", exausta e caindo de joelhos. Sentiu alguém aproximar-se. Ainda de olhos fechados, agora deitada de barriga para cima, ela disse:

–Puff... aqui estão minhas meias. Lutei muito para consegui-las, mas aqui estão... -Já recuperada, ela levantou-se, limpou a poeira do corpo e, erguendo a cabeça, com os olhos fechados e com um sorriso triunfante, disse:

–Como o senhor pode ver, eu cheguei bem na hora, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Isso mostra que eu sou mesmo pontual! -Ela sorriso com deboche para o fiscal. -E pelo jeito, fui a única a chegar aqui a tempo, ou seja, somente eu passei no teste, não é mesmo?

O homem de túnica cinza a sua frente coçou a cabeça.

–Hum... Beeemm... -Ele saiu da frente de Silphia, e então ela pôde ver: deitado nos degraus da casa que servia como sede da base dos espadachins, lá estava um sonolento Aron Wormior, deitado de cabeça para baixo nas escadarias, um bule de chá junto a uma taça de prata ao seu lado.

–Ele teve que esperar você por três dias -Continuou o homem. -Na verdade, ele está dormindo há três dias também. Pensei que estivesse morto. Na verdade, ele estava deitado no alto das escadarias, mas eu toquei nele e ele caiu de cabeça descendo o corpo pelas escadas. Está bem, fora o fato de ter batido a cabeça muito forte e ter perdido um dente.

Silphia olhava espantada para o jovem garoto de cabelos verdes e túnica laranja deitado nas escadarias baixas da casa. Isso de alguma forma deve ter tido alguma reação em Aron, que pesadamente abriu os olhos deslumbrando o amanhecer junto ao fiscal e a garota de Cabelos rosa que conhecera três dias a trás, Silphia Belnades (Claro, tudo isso de cabeça pra baixo...). Olhou longamente para os dois e soltou um bocejo.

–Uahhh... Bom dia.

–BOM DIA NA CASA DO CARAL... –Esbravejou a garota, apontando para Aron nervosa e assustando o garoto e o fiscal. Ela rapidamente aproximou-se dele e o pegou pela gola da camisa, balançando sua cabeça freneticamente.

–ISSO NÃO É POSSIVEL, É HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL QUE VOCÊ TENHA PASSADO NESSE EXAME EM APENAS UM DIA, UM DIA! GRRRR! VOCÊ ROUBOU, NÃO FOI? OU ACHOU UM ATALHO? POR QUE VOCÊ AINDA TÁ CALADO? VAMOS, FALE ALGUMA COISA!

–Ahhh, para com isso Silph, você tá amarrotando minha camisa.

Ela da um soco na cara de Aron.

-EU NÃO PEDI SUA OPINIÃO!

Enquanto olhava aquela bela jovem esfolar aquele pobre rapaz, Jacob estava com os pensamentos longe, embora fossem sobre o jovem a sua frente.

"Verdade, é humanamente impossível que um jovem como esse tenha passado em um teste tão difícil em apenas algumas horas. Mesmo um grande espadachim teria passado um dia inteiro para concluí-lo. Esse garoto deve ter um potencial muito grande mesmo Ou então, poderia ser que ele...?"

Alguns Minutos depois, o fiscal encaminhou Aron e Silphia até o salão anterior. Como ainda era cedo, estava fechado para aventureiros.  O velho homem chegou até o platô onde ficara anteriormente, e abaixo dele, revelou um tipo de compartimento secreto. Retirou então duas grandes caixas e um grande pergaminho de papel. Em seguida virou-se para Aron e Silphia.

–Me dêem suas meias.

Os dois entregam as meias furadas que conseguiram com os Antonios. O homem retirou uma carteira feita de pele de Lunático do bolso, coloco-as e em seguida guardou novamente no bolso. Ele abriu o pergaminho desenrolando um grande rolo de papel que chegou a bater do outro lado da parede, deixando os dois jovens incrédulos.

–Essa é a lista de exame dos jovens que se formaram esse ano na Gilda dos espadachins. As dos anos anteriores encontram-se devidamente guardadas. Enfim -Ele retirou uma pena de um pássaro misterioso que nenhum dos dois aventureiros reconhecia de qual era. -Assinem seus nomes no final da lista.

Os dois jovens rapidamente correram para o outro lado da sala e anotaram seus nomes. Ainda perceberam que havia bastante espaço para outros.

-Muito bem! -Disse o homem, enrolando novamente o pergaminho. Ele o guardou no compartimento e entregou aos jovens duas caixas. -Aqui estão suas primeiras espadas para auxiliá-los nessa nova fase de suas vidas. E lembrem-se: sempre as usem em prol da justiça, nunca para o mal. Sempre Respeitem os códigos, se não os outros espadachins e seus níveis superiores virão atrás de vocês.

–Que códigos?

–Apenas esses, Aron.

–Ahh.... eu não ouvi, pode repetir?

–...Claro.

"Acho que essa pequena cerimônia de graduação vai demorar um pouco" Pensou Silphia, impaciente.

–xxx-


Três Horas depois, Aron corajosamente abriu os Portões que davam para fora da sede dos espadachins (Os mesmos pelo qual ele fora empurrado para dentro por Bulk, e os quais agora era empurrado para fora por Silphia) dando de cara com vários aventureiros que estavam na porta. Eles olhavam primeiro para ele e depois para a bainha de sua espada, a direita de sua cintura, prova máxima que agora ele era um espadachim. Aron olhava para todos com um sorriso alegre (Embora sem alguns dentes...) mas Silphia o puxou para fora da casa.

Estavam andando há algum tempo pelas ruas desertas da cidade de Izlude. Silphia ia toda irritada a frente, enquanto Aron, com os braços cruzados atrás da cabeça, olhava para o sol que começava a aparecer no horizonte, seus raios dourados despontando no céu. Em seguida, como um pensamento repentino, ele parou.

Silphia, já alguns metros, olhou para ele e gritou.

–O que foi?

Aron retirou sua espada da bainha. Era uma arma feita de um material rústico, porém resistente. Começou a balançá-la de um lado para o outro, como se lutando com um inimigo imaginário. Em seguida olhou novamente para a arma, maravilhado.

–Essa espada é demais! Muito boa mesmo! Eu gostei muito de você! Eu A-M-E-I Você!

–Ah...Aron....

–Já sei, eu vou te dar um nome. Um... que tal Felizberta? Isso, Felizberta!

–Aff...Ô Aron...

–Tudo bom, Felizberta? Agora você faz parte da família Wormior! Nos vamos ser bons companheiros junt...

–POR#@RA ARON! -Berrou Silphia, dando mais um soco na cara do infeliz. -Para de ser (censurado)!

–Agh... Essa doeu...

–Que negócio mais idiota! Se vai botar um nome nessa espada, pelo menos coloca um nome decente!

–Qual é o nome da sua espada, Silph?

Ela fez uma cara de esperta.
 
–Um nome simples, porém eficaz. O nome da minha espada é JULIUS ROBERT ALEXANDER VAN BERTH GOGH MAXIMILLIAN PRIMEIRO!

-...

–O que acha?

–Ah... super...
 
E assim os dois saíram da cidade para treinar. Aron teve a grande idéia de pegar o caminho à direita para Payon.

–Aron, tem certeza que esse caminho é seguro?

–É claro que sim!

Não demorou muito e os dois logo estavam perdidos no deserto de Morroc.

–Aron, eu vou MATAR VOCÊ! -Disse a garota, irritada.

–Er... Pois saiba que o meu objetivo era mesmo vir treinar no deserto, viu?

–Olha aqui, Aron: o objetivo da gente era treinar para estar melhor preparados para quando pegássemos nossas missões. Mas se a gente ficar se perdendo assim, como espera que nos tornemos grandes espadachins?

–Ah... CARAMBA, É MESMO, AGORA EU SOU UM ESPADACHIM! HAHAHA!!!
–...

–KKKKK... eu tinha até me esquecido...

–Bah! Tchau Mesmo!

–Espera ai, pra onde você vai?

Aron ficou esperou uma resposta de Silphia que, ao longe, disse:

–A qualquer lugar onde não precise nunca mais olhar pra essa sua cara feia. Adeus!

–xxx-

Agora já passava do meio dia. Silphia estava caída de bruços na areia quente de Morroc. Com um grande esforço, levantou-se, desviando seu olhar para todos os cantos, para o nada.

–Droga, agora estou mais perdida ainda. -Disse, levantando-se e andando trôpega, sem nem ao menos prestar atenção no caminho que seguia. -Aquele Maldito Aron! Sabia que não devia ter seguido ele até aqui. Ai que raiva! Se eu tivesse trazido mais água e comid...

De repente, ela sente seu pé direito pisar em algo macio. Primeiro ouviu o grito e então  pulou de susto, olhando horrorizada para aqueles dois metros de patas afiadas e uma bocarra com um olhar coberto de raiva. Ela havia pisado em um Lobo, e dos grandes!

–Er...me desculpa seu lobo! –Silphia foi recuando devagar, totalmente tomada pelo medo. -Me desculpa por ter pisado em seu rabinho, ha ha... não, isso não é engraçado, mas... tô indo embora, adeus!

Ela virou-se para fugir, mas deu de cara com mais lobos, saindo agora de todos os cantos.

Agora sim Silphia percebera a grande besteira que tinha feito: ela pisara na calda da líder de uma matilha!

Exausta, a garota deixou-se cair no chão. Os lobos chegavam cada vez mas perto, esfomeados e separados agora apenas por alguns metros.

-Es-espera ae, vamo conversar... SOCORROOOOOO! -Em pânico, lembrou-se que não havia nada a sua volta, e agora um dos lobos corria em sua direção, pronto para soltar. Silphia já ia abrir a boca para gritar novamente quando o lobo pulou em sua direção. Ela fechou os olhos, esperando o pior. O lobo já estava na metade de seu pulo quando um coco, do nada, acertou-lhe em cheio na cabeça, jogando-o com tudo no chão.

Silphia abriu os olhos surpresa. Os lobos, incrédulos, olhavam para algum ponto. Silphia então percebeu que, em uma rocha um pouco alta, mas não muito longe dali, estava Aron Wormior, a joelhado e jogando um coco para cima e para baixo com a mão direita. Ele sorriu para a garota e piscou um olho.

–Não precisa gritar de novo por socorro! -Disse, dando uma pirueta espetacular até o chão, atingindo mais um lobo certeiramente na cabeça com um coco. Ele aproximou-se de Silphia, enquanto os lobos agora formavam um círculo ao redor deles.

–Aqui tem vários! –Desesperou-se a jovem. -Nós não podemos vencer todos!

Aron, sem nada dizer, desembainhou sua espada.

–Mas nós temos que tentar. -Disse Aron, sério. Silphia jamais imaginara vê-lo daquele jeito. -Eu não vou desistir sem luta!

Os lobos ficaram espreitando os dois, esperando apenas o momento certo para atacar. Silphia, de joelhos, puxou o garoto para o chão.

–Ficou maluco? Eu sei que você não sabe contar, mas já disse, são vários! Como pensa...

–Eu não sei! -Interrompeu Aron. -Sabe, por toda a vida, eu sempre quis chamar a atenção dos outros, na verdade eu sempre quis... que os outros me amassem de verdade. Mas, acima de tudo, você pode ter certeza de uma coisa: eu seria capaz de desistir de minha vida e de todos os meus sonhos, se fosse para salvar outra vida. -E em seguida, ele olhou para Silphia com um olhar bondoso: -Principalmente se essa vida fosse de uma grande amiga minha.

Silphia ficou impressionada com o discurso, e também corada. Ela soltou o rapaz, deixando-o se levantar novamente. Aron olhou para todos os lobos, mas não havia medo em seu rosto. Ao invés disso, ele gritou:

–PODEM VIR, TODOS VOCÊS, DE UMA SÓ VEZ! PODEM ATACAR AO MESMO TEMPO PORQUE NÃO VAI ADIANTAR NADA, EU VOU VENCER, PORQUE EU AGORA... TENHO UM MOTIVO PARA LUTAR!

Como se correspondessem ao desafio do jovem espadachim, todos os lobos juntos pularam em sua direção. Ele preparou sua espada, a expressão obstinada. Silphia fechou os olhos, desesperada. "Seu idiota! Agora você piorou o problema mais ainda! Só podia ser você mesmo..."

Mas quando tudo parecia perdido, uma parede de fogo surgiu e protegeu os dois, jogando os lobos para trás com toda a força. Aron e Silphia ficaram surpresos, e a parede de fogo desapareceu em uma cortina de poeira. Por trás desta apareceu um vulto.

Era um homem alto, de túnica branca, chapéu rosa e luvas. Seu rosto era coberto por uma demoníaca máscara feliz. Ele bateu as mãos para tirar poeira das luvas, e em seguida sorriu:

–Estava passando por aqui e pensei que precisariam de minha ajuda. Muito prazer gatinha, meu nome é Bulk Commoner. Opa, como vai, Aron?


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aron Wormior VD Capitulo Seis: Más Recordações Natalinas



Aron partiu alegremente pelo longo corredor. No final ficava uma luz que revelava a saída. Ao passar por ela, Aron chegou a uma escadaria que dava para um lugar aberto, uma pequena faixa de terra cortada por tábuas de madeira. Era um tipo de fazendinha. Em sua entrada haviam 13 pessoas, em sua maioria adolescentes de 12 anos, e um homem mais velho de túnica cinza na frete deles.

Aron acenou para eles feliz, mas tropeçou no degrau que conduzia a área aberta, saiu rolando por eles até cair de cabeça no chão. Todos riram. O homem de cinza se esforçou para também não cair na onda. Todo sujo de terra, Aron se uniu aos outros aprendizes.

-Muito bem, como eu estava dizendo -Continuou o homem -Esse será o teste de vocês: Todo dia aplicamos testes diferentes, com diferentes níveis de dificuldade. Como atualmente em Rune Midgard estamos festejando o natal, decidimos fazer algo "Especial".

As crianças se entreolharam assustadas. O que será que ele quis dizer com isso? O homem sorriu da insegurança delas.

-Alguém aqui sabe o que é um Antonio? -Perguntou o homem. Uma jovem aprendiz de longos cabelos rosas e sorriso zombeteiro levantou a mão.

-É um tipo de monstro humanóide natalino. Só aparece no período de Novembro para Dezembro, vestido de Papai Noel, roubando aventureiros e presentes de criança.

-Muito bem! Eu não conseguiria dar uma definição melhor! -Sorriu o homem. Ele piscou um olho para a menina, que abriu um sorriso ainda mais largo, toda orgulhosa. -O objetivo de vocês será bem simples: vocês devem procurar e vencer nessa pequena área de treinamento três Antonios, e recuperar os itens que ficam com eles. Não vou fornecer nenhum tipo de arma, nem alimento. Vocês terão que arrumá-los por conta própria.

Um urro de manifesto cortou o ar. De crianças a adolescentes, todos estavam horrorizados com o objetivo do teste. "Só podem estar brincando!" Disse uma jovem de cabelos loiros que aparentava ter seus 14 anos. O homem de túnica cinza nem se abalou. Olhou para o sol, seus raios dourados despontando, fazendo luz aos seus olhos, e em seguida voltou o olhar novamente para o grupo de aprendizes.

-Têm mais uma coisa: Nesse campo atrás de você há apenas nove Antonios, o que siginifica que apenas três de vocês podem completar o desafio. -Os aprendizes tentaram protestar, mas o homem levantou a mão, em sinal de que ainda tinha mais a dizer. -Mais uma coisa: vocês têm apenas três dias para completarem essa missão. Desejo a todos uma boa sorte! -Em seguida, contornou a grande fileira de jovens e abriu o portão para a área de treinamento.

-Lembrem-se bem: vocês têm até as 6 horas do terceiro dia para me trazer os itens recuperados, e depois disso não irei aceitar mas os itens de ninguém. Por isso, é melhor se apressarem! Aqueles que me trazerem os três itens irão passar no teste e terão o direito de trocá-los por sua primeira espada como prêmio. Agora eu declaro esse teste Natalino para espadachim valendo. Podem ir.

Decepcionados os jovens foram a passos pesados em direção a entrada da área de treinamento. A garota de Cabelo rosa que anteriormente explicara o que era um Antonio olhou na multidão para ver se encontrava algum rosto conhecido, até avistar Aron, que estava de costas. "Quase me esqueci dele", pensou sorrindo. "Vou até lá tirar um sarro com a cara dele!". Ela aproximou-se do Rapaz e colocou a mão em seu ombro direito.

-Eu não acredito que você chegou até aqui. Você subornou o Guard...? –De repente, ela viu de relance o rosto de Aron e perde a voz, surpresa.

O garoto estava pálido, com as mãos e os olhos semicerrados, parecia estar sofrendo de alguma dor incomum.

-Você esta bem? -Perguntou a garota, preocupada. Como se saído de um transe, Aron abriu os olhos e sorriu para ela, sua cor levemente voltando ao normal.

- Melhor, impossível!

-Nem vem! Agora mesmo cê tava ai se segurando, como se alguma coisa tivesse te incomodando.

-Ah...

-Então, vai dizer o que é?

Nem Aron mesmo sabia direito o que estava sentindo. Quando ouviu o homem falar sobre o natal e papai noel, uma coisa estranha começou a passar por sua cabeça, uma sensação incômoda, como se uma antiga lembrança amarga estivesse tentando voltar a tona. Aron preferiu não tocar no assunto com a garota, e ao invés disso preferiu inventar uma mentirinha besta que não atingisse ninguém.

-Então, vai falar ou eu...

-Eu... ah... ESTOU COM GASES!!!!

-?

-Er... Culpa da taverna que tem lá na esquina, ouvi falar que eles servem bife de Peco Peco estragado no jantar.

-Oque? Ora, mas eu jantei lá e ainda não senti nada de estranho!

-Ha Ha Ha... então,cuidado! -Disse Aron, saindo estrategicamente em direção a área de treinamento, tropeçando numa pedra e batendo de boca em uma das tábuas de madeira que a cercam,perdendo mais um dente e deixando uma confusa Silphia Belnades para trás.

-xxx-

Já havia se passado uma hora desde o inicio do teste. Aron estava andando pelos campos sem fazer por$# nenhuma, pensando se ele conseguia contar quantas minhocas tinham naquele gramado, quando der repente ele esbarrou em alguma coisa e caiu de costas no chão.

Na sua frente havia uma criatura horrível, apavorante, vestida com uma túnica e o gorro vermelho. Havia um gancho no lugar de uma de suas mãos. Ela vira-se todo enfurecida para atacar Aron, mas esse rapidamente se levantou e segurou o seu gancho, balançando freneticamente pra cima e pra baixo, todo emocionado.
-Eu não acredito... o senhor é ...o senhor é... PAPAI NROE... quer dizer, PRAPAI NOUE... quer dizer... er... AQUELE-CARA-QUE-ENTREGA-PRESENTES-NO-NATAL!

O Antonio olhou surpreso e confuso para Aron. Com certeza não esperava uma reação tão amistosa.

-Poxa, sr.CARA-QUE-ENTREGA-PRESENTES-NO-NATAL, eu sempre quis conhecer o sr.pessoalmente, É muita honra pra mim. Por que o senhor nunca respondeu as cartinhas que eu escrev... ah é, eu não sei escrever... mesmo assim é muita emoção conhece-lo, sr... sr... Quem é o sr. mesmo?

E antes que Aron pudesse fazer qualquer coisa, O Antonio levantou a garra que o garoto estava segurando e a arremessou com força para baixo, jogando Aron com um grande impacto no chão. Em seguida a criatura começou a chutá-lo, fazendo Aron se contorcer no chão.

Algo começou a incomodar Aron. Não os chutes (Já estava habituado a apanhar desde novo) Mas algo em sua mente, em sua memória, começou a pressioná-lo com mais força, forçando-o a se lembrar de algo,algo que aconteceu a muito tempo e com muito custo ele tentou esquecer...

-XXX-

Era Natal nas ruas geladas e desertas de Alberta, a noite. Todos, inclusive muitos guardas, estavam em suas casas festejando o natal junto de suas famílias. Aron devia ter os seus quatro anos de idade. Estava com muita fome e muito frio, por isso estava se refugiando dentro de um barco nas docas, até um homem corpulento de vestes imundas encontrá-lo e enxotá-lo. Ainda caído no chão após o murro que levara do homem, Aron, ainda de bruços, chorava.

“Mamãe, Onde está a Senhora? Onde está o Papai? Por que vocês me deixaram sozinho? Por que me abandonaram? Vocês... não gostam de mim? Assim como todo mundo, vocês não gostam de mim? É isso, mamãe? Por favor, me responda... por favor, onde estiver, me responda”....

Naquele momento, de uma das tavernas saiu um homem, totalmente bêbado com uma garrafa de cerveja na mão. Era velho, tinha uma longa Barba Branca e vestia-se totalmente de vermelho. Estava vindo para as docas, totalmente fora de si, fingindo que brigava com alguma coisa invisível. Ao ouvir os passos e a voz, Aron rapidamente levantou a vista e olhou para a frente. Agora, em vez de lagrimas, um sorriso brotou em seu rosto.

"Ah, Papai Noel!"

Ainda trôpego, levantou-se e correu até o homem. Este, ao ver aquela coisinha pequena correndo até ele no meio da noite, em seu febril delírio, imaginou que fosse alguma coisa maléfica que queria fazer-lhe mal.

-Papai Noel, Papai Noel,Papai Noe....

O homem rapidamente jogou longe a garrafa de cerveja e segurou o garoto com toda a força.

-Ahh... -Gemia Aron, de dor e de medo. O homem retribuiu o olhar, seus olhos perversos contra aqueles frágeis olhinhos molhados. Ele o encarou demoradamente e, depois, com uma expressão de raiva, porém tranqüila, simplesmente disse:

-Suma. -E com toda a força, jogou o jovem Aron nas geladas águas de Dezembro das docas de Alberta.

Sim, pois todos sabem que entrar nas águas,seja de qualquer rio que fosse em Rune Midgard nos meses de Novembro e Dezembro era um completo suicídio. Aron sentiu isso na pele. Antes ele não imaginava que podia sentir ainda mais frio, mas agora vira o quanto estava enganado.

A água era de um frio tão gelado e forte, congelando cada célula de seu corpo, que para Aron a sensação era de mil facas o apunhalando bem rápido. Ele fechou os olhos... pensou em sua mãe, em seu pai, onde quer que estivessem. Como eles deveriam ser?

“Jamais irei saber... ai, é muita dor. Ninguém vai sentir minha falta... todos na cidade me odeiam, até mesmo o papai noel me odeia. eu não tenho motivos pra viver”...

Mas algo de repente começou a crescer na criança naquele momento. Um sentimento que até então jamais tinha demonstrado.

"Então...é assim que termina? Eu... ainda estou vivo? Por que... eu... eu não quero morrer! (Ele começou a mexer seus braços e pernas rapidamente, desesperadamente). Eu não quero morrer, não assim... meus pais, o povo da vila, até o papai Noel não gostam de mim... mas eu... eu... eu não quero morrer, quero viver! Eu vou provar a todos eles o meu valor! Eu vou... eu vou fazer com que eles me amem... eu vou... sobreviver!”

Assim, com um novo sentimento de esperança e coragem invadindo-o, o jovem de apenas 4 anos conseguiu o impossível: escapou da morte nadando até a superfície das águas das docas de Alberta, e prometeu a si mesmo que, não importa o que acontecesse, iria conquistar a confiança e amizade de todos que conhecia, nem que para isso fosse necessário fazer o possível e o impossível para realizar os seus sonhos.

-XXX-

O Antonio continuava a chutar com cada vez mais força o jovem garoto de cabelos verdes aninhado no chão. Ele parecia estar desacordado. A criatura cansara-se. Resolveu acabar logo com isso, e com o seu gancho preparou um ataque que atingiria o estômago do rapaz, rasgando-lhe a pele sem dificuldade. O Antonio preparou o golpe. Já estava a pouco de atingir o seu alvo, quando algo pesado, com toda a força, atingiu-lhe o ventre.

Atordoado com a dor, a criatura recuara alguns passos, com uma das mãos no local atacado. Ela olhava novamente para sua vitima e vira que o garoto, antes aparentemente desacordado, havia lhe aplicado um chute com toda a força com os dois pés.

Aron colocou-se de pé, arfando, como se estivesse fazendo um esforço muito grande para isso, e bradou:

-Esse... ainda... não é ...o fim! –disse com dificuldade, se apoiando com uma das mãos no chão. -Ainda não será dessa vez... -Ele olhou zombeteiro para criatura, que novamente estava surpresa. -Sinto muito, mas ainda não é dessa vez que eu irei morrer! Ainda tenho algumas coisas para provar, alguns sonhos para realizar (E piscou o olho para o Antonio)
e alguns monstros para destruir!

A criatura não quis nem saber. Novamente saiu em direção de Aron, com o gancho em posição de ataque. Aron só Esperou. Quando a criatura, que era mas alta que ele, abaixou-se para desferir-lhe um golpe com o gancho, rapidamente Aron pulou, subiu em seu braço e, com um movimento acrobático incrível, saltou para trás, ficando de cabeça para baixo no ar, fazendo os pés baterem com toda a força no queixo da criatura,que com o impacto caiu para trás no chão, derrotada.

"Eu Consegui! Eu venci minha primeira lut..." Pensou Aron, alegre, esquecendo-se que ainda estava no ar, caindo de boca no chão e, pra variar, perdendo mais um dente. Levantando-se, ele revirou o corpo da criatura, a procura do item perdido.

-Que item será que eu irei recuperar? –Perguntou-se Aron. Ele abriu a sacola que o monstro segurava, encontrando dentro uma velha meia furada.

-Er... bunitinha...

-xxx-

Mais três horas se passaram desde que o exame havia começado. O homem de túnica marrom, agora em companhia do outro homem que estava na entrada e que usava vestes parecidas, conversavam animadamente nas escadarias da sede dos espadachins, a mesma escadaria que ficava de frente a área de treinamento. O sol começava a esconder-se no horizonte atrás das montanhas ao Norte.

-Que preguiça! -Despreguiçando-se o primeiro. -Então Brutus, o que acha do grupo de jovens que estão ai prestando o exame hoje?

-Todos uns inúteis. Para dizer a verdade, teve uma menininha de cabelos rosas que me pareceu ser a mais qualificada para passar no teste. Se a aprovação dependesse só de mim, ela seria a única aprovada.

-Sei. Então me diga: o que você achou daquele garoto de trajes alaranjado?

-O de cabelos verdes?

-Esse.

-Puff, só mais um perdedorzinho que não têm a mínima chance. Quem é ele?

-Chama-se Aron Wormior. Acredita que ele tem 17 anos e nunca prestou exame algum?

-Sério?

-Pois é! -Riram os dois. -Ah, só você mesmo para me fazer rir, Jacob. Bem, vamos nos retirar?

-Está bem -Os dois começaram a se levantar devagar.

-Ei Jacob, você já ouviu aquela piada do Poring, do Lunático e do Baphomet que chegaram... -Mas aonde eles chegaram, Brutus jamais soube. Uma sombra no cair da tarde projetou-se acima das outras, atrás deles. Assustados, os dois olharam para trás. Ali em pé, projetando a sombra naquele final de tarde, estava Aron, triufante, segurando as três meias e com um sorriso maroto.

-Ok, eu passei no teste. Onde está a minha espada?