quinta-feira, 22 de julho de 2021

Solidão

 



Eu não sei como é ou foi para você, mas eu esperava que, durante minha vida, eu teria pessoas que, no momento a qual não pudesse contar comigo mesmo, me ajudariam a levantar e seguir em frente, me sentindo amado e vivo.

Isso foi pura ilusão. Ao menos, para mim foi. 

Eu nasci de uma família que nunca me quis. De uma mãe que, ao ralhar comigo quando eu tinha cinco, seis anos, me dizia que se arrependia de não ter me abortado. De um pai ausente. De uma avó que me torturava. De tios que me viam como a piada, porque afinal, se você não tem seus pais, não há escudos e armaduras para te proteger do mundo.  

Quando você não tem nenhum suporte, as coisas não se tornam na prática impossíveis, mas se tornam cansativamente mais difíceis. Mais dolorosas. E ao cair, nunca fica tão fácil levantar, porque não há corrimão, paredes ou qualquer coisa tipo: você vai precisar se levantar usando a força e o peso do próprio corpo. E não há nada mais extenuante do que, em um momento de solidão e tristeza, saber que seu mundo começa e termina em si mesmo.  

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Término

 


Queria muito que tudo terminasse agora.

Ainda há poucos e breves momentos de felicidade. Mas, na maior parte do tempo, eu me pergunto o porquê. Tenho dificuldade para dormir, simplesmente porque não queria estar aqui, mas ao mesmo tempo, também não posso voltar, pois sei que as coisas nunca mais seriam as mesmas. 

Eu não tenho um lar para voltar. Uma vida para viver. O ar para respirar. E a coragem para dar fim a isso tudo, eu também não tenho.