sábado, 15 de outubro de 2011

Onírica




(Escrevi a história abaixo, originalmente, para uma tirinha. Mas queria postá-la enquanto não adapto o roteiro. E que lugar melhor do que aqui?)



-Oi.
-...
-Sabe que não irei mais voltar, não sabe?
-Vai embora!
-Não consigo. Você não deixa. Ainda estou presente em cada momento, em cada tristeza. No seu olhar, por exemplo. Naquilo que não diz...
-Eu só queria não sentir mais isso... eu só queria poder não olhar mais para você!
-...é o que você disse que se chamava "Paradoxo", lembra? Estou com você e não estou ao mesmo tempo...
-Não quero conversar sobre isso. Já disse tudo o que tinha para dizer.
-Sabe que não é verdade. Se fosse, eu não existiria mais.
-Seis meses... seis meses e eu nunca entendi. Foram dois anos juntos. Três semanas de reconciliação, das quais você me fez voltar a acreditar no sentimento, em nós dois! E então, tudo volta a ficar nebuloso novamente. E você me esquece rapidamente, como se eu nunca tivesse sido nada para você. Estamos na mesma sala, mas sou menos que um amigo, um colega. Direta ou indiretamente, me faço a mesma pergunta todos os dias: por que?
-Isso somente eu poderia responder. Mas duvido muito que o fizesse. Sabe, eu não sou só uma parte dela, mas também sou muito mais uma parte de você. Uma parte da qual pode esquecer se lhe for conveniente, ou guardar como recordação, mas nunca como uma companheira de solidão. Não vai adiantar ficar aqui, fazendo perguntas das quais não obterá respostas. Me esqueça. Aceite. Ou me perdoe.
-Perdoar? Eu ainda sofro muito depois de tudo o que aconteceu. Do que você fez! Você nunca me deu valor, ou esteve lá quando precisei de você, como agora! Nem como namorada, nem como amiga. Como pode me pedir isso?
-Você disse que eu te esqueci muito rápido. Mas não sabe como aconteceu. E se eu fiz o que fiz apenas para que você não se machucasse ainda mais? Já pensou nisso?
-Só sei que não estaria tão mal se tivesse sido sincera!
-Mas infelizmente não fui. Escute, é o melhor que posso dizer: pare de esperar por minha consideração, e passe a se importar apenas com quem realmente te dá valor. Sei que isso lhe parece injusto... mas tem que ser assim. Adeus... espero que para sempre, dessa vez.

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