sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2: O Inimigo agora é outro

Ousado. Inteligente. Desafiador. Tropa de Elite 2 não é só um filme muito melhor que seu antecessor: ele enfoca o problema da violência no país de uma forma mais complexa, relacionando-o com um intricado sistema corrupto de poderes, tão enraizado em nossa sociedade que, ao invés de mudar, apenas assume uma forma parecida, seja através de milícias, políticos ou da própria mídia.

Na trama, Roberto Nascimento (Wagner Moura, ainda melhor), após anos afastados do BOPE, decide voltar à ativa. Como Coronel, ele é o responsável por conter uma rebelião de presos no Presídio de Segurança máxima, o Bangu I. No entanto, toda aquela ideologia segurada tão veementemente no primeiro, de que Missão dada é missão cumprida e de que bandido bom é bandido morto cai por terra nos primeiros dez minutos de filme. E de uma forma que dificilmente não fará você mudar de opinião.

Após um incidente, Nascimento começa a questionar seu papel e o de todas as coisas e pessoas a sua volta. Separado, com um filho único distante chamado Rafael (Pedro Van-Held, em seu primeiro personagem, que recebe mais destaque no final), e com um político ativista dos direitos humanos, Fraga (Irandhir Santos, um excelente ator pernambucano) em seus calcanhares, o agora ex-coronel é afastado e promovido a secretaria de segurança pública. Nessa função, ele implanta uma série de melhorias no BOPE, que em teoria, deveriam levar ao fim da violência e da corrupção. Mas como o próprio Nascimento irá descobrir, suas ações levarão a uma série de consequências que só irão levar o jogo a um novo nível.

O filme não pouca ninguém: critica de programas que banalizam e enaltecem a violência, tão comuns hoje na televisão, a todo o esquema por trás das intenções de voto (não por acaso, a película estréia apenas agora, uma semana após as eleições). Também faz uma brilhante referência, já perto do final, ao projeto Ficha Limpa.

Outras considerações que posso fazer são na turbulenta e difícil relação de Nascimento com Fraga (que na verdade, embora tenham opiniões divergentes sobre justiça, possuem a mesma visão idealista de fazer mudança), e na ideia de deixar o antigo Capitão como único protagonista, ao contrário do primeiro filme, em que ele dividia o papel. Aqui, há mais espaço para entender e trabalhar o personagem, que independente de adotar ou não valores éticos, convence novamente e de forma mais madura, criando uma verdadeira referência de como fazer uma perfeita continuação de uma película nacional.

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